domingo, 24 de agosto de 2008

Eu médico, eu monstro.

Tenho certeza de que você vai concordar comigo: até a maior das unanimidades não será ok todos os dias. Temos um sem número de motivos que vão desde sentimentos reprimidos, medo, vergonha a disfunções hormonais que nos fazem, às vezes, nos afastar de quem realmente somos ou queremos ser. Eu já não me reconheci algumas vezes, e por vários motivos. Já dei resposta atravessada, mandei mal, fui dura, mau educada, injusta, tive ciúmes, inveja branca, desejei o que não podia, disse o que não queria, neguei vários nãos e insisti em sims que saíram meio sem querer. Por saber que não podemos ler uma pessoa por uma única atitude é que tenho um tremendo cuidado em julgar as pessoas. E quando o faço, evito que seja publicamente. Lembrei disso por dois fatos ocorridos essa semana: um foi uma conversa muito honesta com uma pessoa do meu relacionamento profissional de quem gosto muito mas com quem enfrento algumas dificuldades de entendimento. Tive que tecer cada detalhe dos diversos motivos pelos quais possivelmente eu não atendia as expectativas que esta pessoa esperava. Em linguagem popular, lavamos a roupa suja e disse claramente que, sim, eu não sou perfeita, estou pronta para aprender a ser melhor, mas que era preciso me julgar pelo meu repertório e não por duas ou três atitudes que soaram desagradáveis. O outro fato foi uma atividade de grupo promovido pela minha empresa onde estudamos as personalidades e estados de humor de cada um para que possamos nos compreender melhor e ajudar a trabalharmos melhor como equipe. E um dos pontos que me chamou a atenção foi um termo que usaram como “índice de oqueidade”. Por exemplo, na teoria das cores, sou vermelha, colérica, enérgica, dinâmica, independente, confiante, voltada para a execução. Em tese, é bastante positivo, e mostra que podem contar comigo porque vou fazer acontecer. Mas em dias não ok, eu posso ser agressiva, mandona, um trator. E posso não me adaptar aos dias ok dos amarelos que são expansivos e brincalhões, dos verdes que são humanistas e cuidadosos e dos azuis que são analíticos e organizados. É nessas horas que me dou conta que as relações humanas são de uma complexidade sem fim, e que alguns dias somos médicos e em outros somos monstros. É óbvio que a maturidade a experiência e os tapas que a vida dá nos farão ser mais médicos a cada dia, mas não tenho dúvida de que só a vivência nos aproximará deste ideal. Não há receita. Apenas força de vontade e paciência para que, como costuma dizer uma pessoa do meu coração, o tempo seja o melhor autor.

Um comentário:

Anônimo disse...

Palavras de sabedoria:
"Não deixe sair de sua boca nenhuma palavra torpe que não contribua para a edificação do seu próximo".
Devemos exercitar essa prática a todo momento e em qualquer lugar, pois ela nos torna pessoas melhores e nos propicia boas amizades.
A vida é um processo de constante aprendizagem e ao que tudo indica você tem sido uma "estudante" exemplar.
Eu a admiro muito, sabia?
Thel...