domingo, 21 de dezembro de 2008

Eu te declaro.

Eu te declaro
Que meus dias estão cheios de luz desde que você me acendeu
Que minhas angústias terminaram porque meu coração te conheceu
Que os meus sorrisos ainda brilham, mesmo quando nada aconteceu

Eu te declaro
Que mesmo tão longe, a distância não levou o seu calor
Que a saudade é coisa boa, porque é a falta, é vontade, sem a dor
Que os dias de verão, e o tamanho da paixão, vão mostrar que, já era, não tem jeito,
É amor ;-)

terça-feira, 4 de novembro de 2008

Passo-a-passo.


Primeiro vem a surpresa. Que é a absoluta falta de conexão entre o que planejamos e o que vivenciamos. Como lutas que não se ganham, vacas que vão pro brejo, coisas que se danam. Depois vem a experiência. Que carrega a emoção do que vivemos quando desejamos algo e nem sabemos o quanto. Como o gosto do primeiro beijo, matar aquela saudade e a vontade de um grande desejo. E enfim, a constatação. Que nada mais é que dar trégua à guerra contra a negação. Como o líder do campeonato que perde o título na última partida, a receita que não deu certo, e a dor da despedida. Entendi hoje que as mesmas etapas de coisas bobas e importantes que provamos com esses momentos são as mesmas que nos levam a descobrir um grande sentimento. Desde a surpresa do encontro que não marcamos, passando pela experiência da paixão que não planejamos até à constatação da paz e da alegria de tentar viver mais uma vez um amor que por toda a vida procuramos.


Horário de verão.


Decidi que no horário de verão vou voltar pra casa a pé, assistir o pôr-do-sol e gastar mais meu chinelão ;-)

terça-feira, 28 de outubro de 2008

Eu quero.

Quero te encontrar
Te abraçar
Te apertar
Te dobrar
Te colocar no bolso
E te levar ;-)

domingo, 26 de outubro de 2008

Domingão de sol em SP.


Acordei hoje com o seguinte convite: “nêga, coloca o biquíni, pega o óculos de sol gigante, o chapéu panamá e vamos tomar sol e champagne na fonte do Spot.”

Fui ;-)

sábado, 25 de outubro de 2008

Nada a perder.

Quem não tem nada a perder tem a liberdade de que quem protege tudo o que tem nunca teria.

Quem não tem nada a perder tudo pode, tudo faz, tudo experimenta, tudo vive, sem a consciência do risco de quem tudo controla sempre se lembraria.

Quem não tem nada a perder não precisa ter coragem, porque a coragem é agir no mesmo ímpeto em que a vontade se despede do medo, e o medo é o sentimento que surge quando queremos evitar qualquer perda.

Quem não tem nada a perder não tem ponto de partida, não segue nenhuma direção e só descobre aonde quando o destino por alguma razão decida.

Quem não tem nada a perder
vê beleza no vazio, no silêncio, no escuro, na nudez, no infinito, na crueza, no insípido, na saudade e em tudo o que denota a falta de algo.

Quem não tem nada a perder não insiste, porque sempre conhece outro caminho; não resiste porque sabe que a força é inimiga da paz; e não desiste porque perseguir uma escolha é muito melhor que esperar pelo destino.

Quem não tem nada a perder ama com vontade, sonha com realidade, deseja com necessidade, se entrega com intensidade.

Quem não tem nada a perder
nos faz lembrar quem um dia fomos antes das escolhas que tomamos, das ambições que herdamos, das promessas que assinamos e das fantasias de uma vida que um dia imaginamos.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Here comes the sun.

Hoje fez sol
Com calor de verão
No céu
E no meu coração ;-)

Ibiza, Formentera, Mallorca, Menorca, Madri, Barcelona e ponto.

Decidi. Vai ser um resumão. Só 20 linhas. Esse vai ser o último post dedicado às minhas férias, porque já voltei há quase um mês e já tenho um montão de coisas novas pra contar. Bom, Ibiza terminou assim: fiquei tão enturmada na Pacha que me deram um mini palco pra dançar, e de lá não conseguiram me arrancar. Na Privilege o show do Tiesto, que é um mala com a alça arrebentada, foi um fiasco, e eu comeria doce de xuxu sem açúcar a pagar pra vê-lo de novo. Formentera é linda linda, a água é azul azul, o céu tem muitas e muitas estrelas, mas não chega nem aos pés da minha mágica Noronha. E que ninguém ouse dizer o contrário. Menorca é infinitamente mais linda e gostosa que Mallorca. E nunca vi tanta gente feia pelada e alaranjada em tão pouco tempo. Na verdade, nem em muito tempo. Europeu abusa do direito de ser over no verão. Afe. Madri foi uma experiência animadora e que me encheu de vontade de voltar. E Barcelona, ah, foi uma alegria sem fim. Descobri Gaudí e um sorvete de chocolate negro de uma tiazinha da Gràcia que foram a minha fonte de felicidade durante os dias que passei por lá. Pegava minha bici, apreciava Gaudí e depois visitava a tiazinha lá pelas 5 da tarde, e da siesta da tiazinha, pra me lambuzar com aquele sorvete dos deuses da tiazinha. E viva a tiazinha! Andei muito por parques, ruelas, avenidas, pelo porto, pelo centro, pelas praças, pelas feiras, sempre com a minha bici. E dancei. Muito. Todas as noites. No Razzmatazz, que é a Lôca catalã e no Magic, que ainda não vi nada igual. Aconteceu de tudo um pouco e do pouco muita coisa. Mas como eu sou uma pessoa de palavra e como as 20 linhas já chegaram, paro aqui, para minha dignidade preservar, e por não haver mais espaço pra contar :-)

Espaçosa na Space.

Como todos os dias, acordei mais ou menos 1h da tarde. Fazendo uma conta rápida com a diferença de 5 horas do fuso, seria a hora que estaria acordando no Brasil, sem contar as horas pulando, agachando e rebolando até o chão com a gringaiada. Bom, levantei, como todos os dias, em câmera lenta, encostando na poltrona, no sofá, sempre ensaiando uma volta pra cama. Mas lembrei das mais de 20 praias que jurei conhecer e tomei banho voando, botei biquíni e saí linda, loura e com os pés me torturando. Fui sola porque a amiga estava na trabalhando em uma ativação na Space, preparando a grande noite que teríamos mais tarde. Só pra explicar, a amiga também é da área de marketing, só que, olhem que legal, de uma marca de energéticos. Só abasteci minha geladeira no primeiro dia. Depois ela foi presenteada com um pack de 18 unidades que limpamos com vontade durante a temporada. Conheci praias lindas, cidadezinhas, rincóns, almocei maravilhosamente e vivi uma história maravilhosa que se no futuro eu lembrar sem emoção, eu conto. Cheguei em casa e animada pelas latinhas da energia, e fui correr cerca de 7 km. Encontrei 3 lunáticos como eu e fizemos um grupinho que se encontrava todos os dias no mesmo horário. Tomei banho, fiz a misturinha e saí 1h da manhã, sempre 1h da manhã, para a Space. A amiga estava lá me esperando na porta, me colocou uma pulseira dourada, que foi a minha passagem para a alegria. Se quem conhece a Space já acha que aquele lugar é imenso, e é mesmo, não imagina os cantinhos que eu conheci. O esquema é o seguinte; são 3 áreas vip; a vermelha, a dourada e a preta. Eu estava na coluna do meio. Comigo nesta noite estavam aquela modelo Valéria Mazza, dois ou três atores de Hollywood, umas carinhas conhecidas não-me-lembro-da-onde e vários parentes de gente muito famosa como o irmão do Orlando Bloom, com quem fiquei batendo papo, e pra quem tive que ensinar samba. Como se eu soubesse. Dizem na área preta estavam o Beckham e a Lindsay Lohan com a namorada. Não sei, não vi. Mas a noite nem foi tão incrível por isso. Quer dizer, também foi incrível por isso. Mas foi muito mais legal pelo David Guetta. Eu não curto música eletrônica tanto assim, mas eu descobri que amo o David Guetta desde criancinha. O cara é bom até a última gota e o astral estava nas alturas. So, baby, quase morri mais uma vez de tanto dançar e mais calibrada do que nunca com as inúmeras champas e champas na faixa que a pulseira dourada da alegria me permitiram degustar.

Vida Ibizqueña.

Cheguei em Ibiza. Desci no aeroporto às 21h30, hora local, e tudo o que vi ao desembarcar foram inúmeras promoters oferecendo cartões-bônus das melhores noites dos clubs. Eram os passaportes para a esbórnia dos dias seguintes. Localizei meu carro, ganhei um upgrade e andei de, advinhem, um novíssimo Seat Ibiza 1.9 nos 6 dias que fiquei por lá. O cara me ensinou a plugar o iPod e a localizar as melhores rádios, e eu travei na Sonica, que é uma rádio imperdível que, você, se for um dia, não pode deixar de sintonizar. Liguei para a moça que me alugou a minha casa e ela foi me ensinando o caminho. Chegando lá, grata surpresa. A casita era um aconchego só. Delícia. A minha cara. Amei. E mais barata que os bombados hotéis da ilha. Tomei um mega banho, passei no super e comprei o suprimento de toda a minha temporada: água, vodka, energético, suco de amora, pão, queijo, maçã e iogurte. Saí e fui buscar a minha amiga de Londres na Playa d’en Bossa para irmos a Talamanca na festa da Hed Kandi. Levamos o suprimento no carro, porque se tem uma verdade em Ibiza são os preços obscenos de tudo. Dentro do clubs a água, o whisky, a vodka, tudo é tabelado em 10 euros. Ou seja, tem que aquecer antes e depois fazer amizade com os moços pra bicar tudo lá dentro. E como fazer amizades em Ibiza não é nenhum problema, tava tudo azul. Não vou tecer os detalhes da festa, que foi linda, animada no último nível, que juntamos com um grupo de outras cinco inglesas e conhecemos um monte de gente que íamos encontrando nas praias e nas noites seguintes. Saímos pra ver o primeiro amanhecer na praia. Foi o primeiro e último. Minha energia, mesmo regada à concentrações cavalares de cafeína, não resistiu às dores nos pés e delícias dos dias seguintes.

Férias catalãs.

Estava sentada no aeroporto de Madrid tomando café com leche casi apagando em cima do teclado. Além de ter trabalhado nos últimos dias horas extras que me dariam direito a dobrar minha temporada de férias, chegava em casa tarde e, tentando resolver os últimos detalhes, dormia três, quatro horas por noite. No dia da viagem, quase perdi o vôo em Guarulhos, apesar de ter saído de casa três horas e meia antes da partida, ficando 2 horas e quarenta dentro do táxi em estágio avançadíssimo de stress num trânsito horroroso de sexta-feira final da tarde. Achei que ia valer a pena, mas nada adiantou. O vôo atrasou três horas, chegou em Madri às 13h30, na hora exata em que eu deveria estar decolando com a Vueling a caminho de Ibiza. Perdi a passagem low cost, no refundable e dancei em 119 euros. Fiquei perambulando de ônibus pelos terminais de Barajas, peguei a fila com um monte de doidinhos na EasyJet, paguei mais 145 euros pra embarcar às 19h35 e ainda chegar a tempo de virar a madrugada no El Divino na festa da Hed Kandi. Ufa! Se conseguir resisitir, já já testemunho o que vi.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Rindo à tôa.

Às vezes acontece. Eu fico assim, feliz, sem motivo, incondicional, exagerada e irritantemente feliz. Tudo bem que pela primeira vez em seis anos eu vou tirar dezenove dias inteirinhos de férias. Não acho dezenove um número muito bonito, mas ele tem o seu valor, já que é a razão dos meus mais de dezenove sorrisos por minuto. Não quero engessar esse raro momento de liberdade, mas já planejei algumas coisinhas pra não sair por aí tão desorientada: vou pra Espanha, me jogar nas praias e experimentar as festas ácidas de Ibiza com Tiesto, Groove Armada, David Guetta e Erick Morillo da forma mais inocente que eu for capaz. Vou checar se Formentera é mesmo uma mini Noronha encravada nas Ilhas Baleares e lá dormir homeless, na praia, na companhia do céu iluminado de estrelas, como tanto me recomendaram. Vou pra Mallorca, Menorca, e assistir todos os pores do sol que a natureza me permitir. Vou pra Barcelona alimentar a alma de arte, história e contemporaneidade. Vou andar muito, a pé, de bicicleta, de motinha, sozinha, acompanhada, perdida ou seguindo alguma direção. Vou comparar Madrid com São Paulo, visitar ruas, museus, fazer comprinhas, e ficar hospedada em três andares diferentes do Puerta America, realizando um desejo que concebi desde que ouvi falar deste hotel há algum tempo atrás. Vou sozinha e acompanhada da melhor companhia que eu conheço. Vou feliz, como agora e como daqui a dois dias quando a hora da partida chegar. E vou com muita vontade de voltar cheia de motivos para este estado de alegria insistir e nunca mais me abandonar ;-)

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Virei fã do Rodrigo Santoro.

No domingo fiquei zapeando e parei na entrevista da Marília Gabriela com o Rodrigo Santoro. Sempre concordei que ele é realmente muito bem apessoado, mas à medida em que a conversa ia rolando, me convenci que o sujeito é também bastante interessante. Inteligente, articulado, sagaz, ele constrói bem as idéias, mostra segurança, maturidade e não tem medo de expôr o que é verdade. Enfim, é um cara preparado para o que está acontecendo na carreira dele e para o que possivelmente virá por aí. Curioso. Meu trabalho me dá a oportunidade de conhecer algumas celebridades. Muitas delas confirmam o estereótipo blasé que cerca esse mundinho. No entanto, já me surpreendi com algumas. Adorei o approach carinhoso da Cláudia Leitte, a alegria da Sandra de Sá, a timidez charmosa do Caco Ciocler, a simpatia do Luciano Szafir, a doce loucura do Lobão, desenvolvi uma proximidade com a Gabriela Duarte e tenho um amigo querido que é ex vencedor do Big Brother. Também tive a oportunidade de esbarrar com o Rodrigo Santoro três vezes: a primeira foi no Festival de Cinema de Brasília do ano 2000, e estava sentada ao lado dele quando foi anunciado como melhor ator pelo filme “Bicho de Sete Cabeças”, em uma exibição emocionante, que começou com vaias ao galãzinho global na abertura do filme e acabou com aplausos de pé pela platéia após a consistente interpretação que protagonizou. A segunda foi em uma ponte aérea em 2006, em que me assustei com a magreza dele em razão da minissérie em que estava atuando na época e por estar bem simplezinho, quase confundido com um surfista. A terceira foi mais radical: no final do ano passado, em Fernando de Noronha, o meu buggy deu uma derrapada na curva e quase colidiu com o que ele estava dirigindo na outra pista. Todos estes encontros me disseram algo a respeito dele, mas só o bate-papo na entrevista conseguiu arrancar de mim verdadeira admiração. Na semana passada também encontrei uma pessoa com quem não falava há muito tempo. Sua beleza é indiscutível, e já desconfiava da sua inteligência, mas descobrir que além disso a figura tinha um senso de humor refinado, boas idéias e uma admirável vontade de fazer grandes coisas foi quase desconcertante. E delicioso. Adoro me surpreender com as pessoas. E adoro fazer com que as pessoas se surpreendam comigo. Porque no final o melhor da história não é confirmar o que já se esperava, mas o que se pode descobrir quando ninguém mais aguardava por nada.

domingo, 31 de agosto de 2008

Nem foi tempo perdido.


"Veja o sol dessa manhã tão cinza

A tempestade que chega é da cor dos seus olhos."

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Para bom entendedor.

Se tem uma coisa que eu acho interessante nos meus ensaios de dança contemporânea são as as metáforas que a professora usa para marcar as coreografias. Em uma passagem de chão ontem recebi a seguinte instrução: “enrola no solo como bife à milanesa preenchendo cada cantinho de farinha”. É engraçado, mas funciona. Fantasiando a tal cena, de fato me lembrei de encostar as várias extremidades do corpo, desde os dedos, tornozelos, costas, e todo o resto que não seria alcançado em um rolinho rápido pelo chão. Outro dia ao ensaiar uma entrada bem lenta e poética, fomos instruídas a “buscar um cesto de cravos no chão, erguer acima da cabeça e despejar cuidadosamente pelo corpo, sentindo cada pétala escorrer pelo colo, barriga, braços e pernas”. Se não trouxesse à memória esta sensação, certamente o movimento não seria tão completo e cheio de significado. Depois da dança, comecei a valorizar muito a linguagem não verbal, aquela que o corpo expressa sem precisarmos emitir uma só palavra. E agora tenho percebido com mais cuidado a riqueza da linguagem metafórica, aquela que até Jesus Cristo fez bom uso. Eu não gosto de falar pouco, gosto de falar o que é necessário, mas às vezes até pro bom entendedor a meia palavra não basta. Como não vou deixar de acreditar que as poucas palavras são inundadas de mais verdade que os discursos mais elaborados, passarei a me dedicar aos ensaios de analogias para dizer tudo com clareza sem abandonar a beleza do que precisa ser entendido.

domingo, 24 de agosto de 2008

Sempre em frente.

Amanhã, após um ano de separação de fato, assinarei a minha separação de direito. E passei o dia de hoje renovando a minha fé no casamento e na família para que eu nunca me esqueça que esse projeto ainda vale a pena. Tenho um lindo exemplo na minha casa, onde as relações são construídas para serem eternas, com amor, humor, cumplicidade, desejo e projetos comuns. Aprendi cedo que somos individuais, mas é possível sonhar junto. Não é uma fórmula difícil. Mas tenho percebido que quanto mais testamos a nossa capacidade e exaltamos a nossa inteligência, mais achamos que devemos emprestar à vida alguns modelos que só a deixam mais complexa e nos afastam do que queremos onde ninguém consegue ver além de nós mesmos. Eu aposto na simplicidade. E acho que devemos deixar a vida acontecer, sem medos, sem restrições, para que o destino nos presenteie com surpresas blindadas à racionalidades, traumas, modismos, e todas estas linhas de pensamento que pregam que ninguém é de ninguém, que somos auto suficientes e que os homens são de Marte e as mulheres são de Vênus. Bonito no papel, mas até que as viagens intergalácticas sejam mais acessíveis, o fato é que estamos juntos neste mesmo planeta e precisamos aprender a nos amar por aqui mesmo. Eu vou continuar tentando :-)

Eu médico, eu monstro.

Tenho certeza de que você vai concordar comigo: até a maior das unanimidades não será ok todos os dias. Temos um sem número de motivos que vão desde sentimentos reprimidos, medo, vergonha a disfunções hormonais que nos fazem, às vezes, nos afastar de quem realmente somos ou queremos ser. Eu já não me reconheci algumas vezes, e por vários motivos. Já dei resposta atravessada, mandei mal, fui dura, mau educada, injusta, tive ciúmes, inveja branca, desejei o que não podia, disse o que não queria, neguei vários nãos e insisti em sims que saíram meio sem querer. Por saber que não podemos ler uma pessoa por uma única atitude é que tenho um tremendo cuidado em julgar as pessoas. E quando o faço, evito que seja publicamente. Lembrei disso por dois fatos ocorridos essa semana: um foi uma conversa muito honesta com uma pessoa do meu relacionamento profissional de quem gosto muito mas com quem enfrento algumas dificuldades de entendimento. Tive que tecer cada detalhe dos diversos motivos pelos quais possivelmente eu não atendia as expectativas que esta pessoa esperava. Em linguagem popular, lavamos a roupa suja e disse claramente que, sim, eu não sou perfeita, estou pronta para aprender a ser melhor, mas que era preciso me julgar pelo meu repertório e não por duas ou três atitudes que soaram desagradáveis. O outro fato foi uma atividade de grupo promovido pela minha empresa onde estudamos as personalidades e estados de humor de cada um para que possamos nos compreender melhor e ajudar a trabalharmos melhor como equipe. E um dos pontos que me chamou a atenção foi um termo que usaram como “índice de oqueidade”. Por exemplo, na teoria das cores, sou vermelha, colérica, enérgica, dinâmica, independente, confiante, voltada para a execução. Em tese, é bastante positivo, e mostra que podem contar comigo porque vou fazer acontecer. Mas em dias não ok, eu posso ser agressiva, mandona, um trator. E posso não me adaptar aos dias ok dos amarelos que são expansivos e brincalhões, dos verdes que são humanistas e cuidadosos e dos azuis que são analíticos e organizados. É nessas horas que me dou conta que as relações humanas são de uma complexidade sem fim, e que alguns dias somos médicos e em outros somos monstros. É óbvio que a maturidade a experiência e os tapas que a vida dá nos farão ser mais médicos a cada dia, mas não tenho dúvida de que só a vivência nos aproximará deste ideal. Não há receita. Apenas força de vontade e paciência para que, como costuma dizer uma pessoa do meu coração, o tempo seja o melhor autor.

Eu hoje, eu amanhã.

Vivo dizendo que a vida vem em ondas: às vezes vibramos na crista, às vezes nos afogamos na base. Faz parte. Quando as coisas não vão bem costumo investir tempo em pensar como aproveitar quando a bonança chegar. Também creio nos sábios e santos quando já diziam que não há mal que dure para sempre, nem há cruz tão pesada que não consigamos carregar. Mas, ansiosos que somos, queremos sempre adivinhar quando um ciclo termina para outro começar. Eu mesma no meu julho tenebroso fiquei aflita porque aquele olhar pro infinito não combinava comigo e eu queria me ligar na tomada de novo. E aí, num ato totalmente incomum para mim, comecei a espiar as colunas de astrologia das várias revistas que recebo. Apesar de ser bastante ignorante no tema, tenho convicção de que se trata de uma ciência, baseada em números, evidências, etc, mas confesso nunca levei muito a sério. E como geralmente as citações são bem genéricas como “a lua cheia chegará com boas novidades que sacudirão as suas angústias”, para mim soava como um consolo bom de ouvir, mas difícil de acreditar. No entanto, uma das revistas me chamou a atenção pelo nível de especificidade que arriscou: “no dia 16 de agosto, na entrada da lua cheia, você reencontrará um amor do passado que renascerá das cinzas e te confirmará se a decisão de vivê-lo, ou não, foi acertada”. Li isso lá pelo dia 03 de agosto e dia ou outro eu lembrava do que me os astros me reservavam para o dia 16. Bem, o dia 16 chegou, passou e eu só fui lembrar da tal previsão dois dias depois. Lembrando das ocorrências do dia 16: foi realmente um dia beeem agitado como há meses eu não experimentava, e que eu vivi com toda a intensidade, pois era sábado e encontrei casualmente várias pessoas desde a noite de sexta até a madrugada de domingo, que vão de um ex-namorado, uma ex-paixonite até amigos queridos que não via há tempos e sobre os quais nunca cogitei ter um encontro amoroso. E só. Nada de avassalador aconteceu. Se acontecerá algo relacionado à algum desses encontros, só o futuro dirá, mas entendi que mesmo a mais específica das previsões ainda pode estar à mercê de muitas interpretações generalistas.

Quem de nós.

Emprestei o título do livro que estou lendo à este post para recomendar a linda obra do autor uruguaio Mário Benedetti, que retrata o triângulo amoroso entre os amigos de infância Miguel, Alicia e Lucas. É uma história de amor que mostra em um texto brilhante a dureza da realidade do sentimento vivido por Miguel, o vértice mais frágil da relação montada pela sua descrença quanto à verdade da escolha de Alícia, que se tornou sua esposa, e a eterna desconfiança do desejo dela por Lucas. O texto é forte e delicado, e apesar de mostrar o aspecto sombrio do ciúme, não abandona a pureza e a força de um grande amor. Comprei o livro por adorar autores latinos e por ter sido impactada pelo texto de contracapa, que faz parte do desabafo de Alicia em um dos capítulos e mostra um pouco do estilo literário que gostaria de recomendar à vocês:

“Incorremos em vários erros, mas acho que o nosso grande equívoco, o mais irremediável, foi nunca falar sobre eles. A única fraqueza possível, aquela que possui a maioria dos casais que diariamente se insulta, almadiçoa e desfruta por igual de suas etapas de ódio e apaziguamento, foi isso que perdemos. Eles estão constantemente atualizando a imagem do outro, sabem reciprocamente a que se ater, mas nós estamos atrasados, você em relação à mim, eu em relação à você.”

Voltei.

Julho foi um mês estranho. Somatizei a poderosa reação de três acontecimentos que me tiraram o chão e me entreguei à uma onda de tristeza e melancolia, depois de meses e meses da mais completa euforia. Os dias foram passando e inconscientemente fui acrescentando mais e mais tempo aos meus antes poucos momentos de solidão. Depois fui abatida por uma suave tristeza. Tão leve que não houve quem desconfiasse de qualquer mudança no meu estado de humor. Coincidentemente usei muito do tempo para me dedicar à horas extras de estudo, o que foi um álibi irrefutável para qualquer possível questionamento sobre a minha ausência em compromissos aos quais eu era não perderia por nada. Tive uma extrema vontade de encontrar o nada, de ver infinitos, de sentir o vazio. Não renovei os meus playlists, não atualizei o meu blog e evitei testemunhar o dia-a-dia dos amigos para que a minha absoluta falta de vontade de ter alguma opinião não soasse indelicado. Viajei por perto e fui muito longe. Tirei mini-férias e dirigi sozinha alguns muitos quilômetros entre litoral e interior só pelo prazer de mudar as cenas da paisagem e a necessidade de sincronizar o pensamento e o sentimento. Fui pra Ilhabela, Paraty, Serra Negra, Vinhedo e Atibaia e pensei em Brasília, Rio de Janeiro e Buenos Aires. Chorei, ri e vivi a tentativa de voltar à mim aos poucos, redescobrindo os caminhos e juntando os pedacinhos de uma história que não consigo lembrar como perdi.

terça-feira, 24 de junho de 2008

Por quê?

- Eu te amo.
- Por quê?
- Por tudo e por nada.
- É pra sempre?
- Não sei.
- E quem sabe?
- Você.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pra exorcisar

Semana passada saí pra jantar com um amigo do Rio. Ele é serião, super formal, ultra educado, um lorde. A gente se fala muito pelo msn, sempre em conversas muito rápidas, como quase todas que tenho por meio desse milagre online sem o qual não vivo sem. Durante o jantar, lembramos de uma conversa que tivemos logo no início do ano que resolvi guardar por dois motivos: um, porque nunca investi tanto tempo em uma conversa via web e dois, porque sem dúvida, foi uma das mais engraçadas, sobretudo associando o conteúdo ao autor. Para situar, era início do ano, segunda semana de janeiro, eu havia acabado de voltar a trabalhar e minha frase de boas vindas ao novo ano publicada era “fresh start” . Estávamos falando sobre a virada do ano, resoluções, coisas da vida, quando de repente...

amigo - Rio diz:
oi fresh start


eu digo:
oi! não estamos conseguindo falar, né?

eu digo:
como vc está?

amigo - Rio diz:
tudo otimo e vc?

amigo - Rio diz:
quer dizer que foi pra chapada?

amigo - Rio diz:
que tal o ano novo la?

eu digo:
foi ótimo, astral bom

amigo - Rio diz:
e vai muita gente la? fica animado?

eu digo:
foi uma delícia e fiquei com mta preguiça de ir pro rio

eu digo:
e estava curtindo o colinho da família. nada melhor

amigo - Rio diz:
sim, fiquei tranquilo tbm. vieram uns gringos que queriam ver copacabana, entao a gente fez na casa de um amigo la perto em ipanema

eu digo:
e foi bom?

amigo - Rio diz:
eu acho que a parte na casa do meu amigo foi otima. depois quando fomos para copa eu nao gostei muito. achei legal pelo grupo etc, emocao do ano novo. mas nao gosto de multidao. muita confusao, briga, gente bebada

eu digo:
eu tb fico um pouco indócil nesses lugares

amigo - Rio diz:
ja esta de volta no batente?

eu digo:
sim, desde o dia 03. e vc? trabalhando mto tb?

amigo - Rio diz:
mesmo aqui, sim. sem ferias

eu digo:
sair um pouco ajuda, mesmo morando no rio

amigo - Rio diz:
sim! tá fazendo falta, mas entrei numa empreitada que tem me segurado aqui, nunca fiquei tanto tempo sem viajar (pra passear!)

amigo - Rio diz:
fora as idas quase semanais pra sp, etc

amigo - Rio diz:
empresa nova é que nem filho pequena, acorda a noite, troca falda, vc não dorme até crescer um pouquinho

eu digo:
é verdade. fora a ansiedade de fazer dar certo.

eu digo:
o slogan de 2008 pra mim é "querer é poder".

amigo - Rio diz:
acho ótimo, tem que pensar assim mesmo

amigo - Rio diz:
pra tudo acontecer na pratica, tem que antes acontecer na cabeça

eu digo:
e vc? alguma resolução especial pro novo ano?

amigo - Rio diz:
o básico, saúde, disciplina etc...

amigo - Rio diz:
com isso se constrói os sonhos

amigo - Rio diz:
MAS QUE ABSURDO ESSES VIZINHOS!!

amigo - Rio diz:
uma mulher alugou uma sala num nos melhores prédios comerciais aqui pra fazer consultas particulares

amigo - Rio diz:
às vezes aparecem aqui

amigo - Rio diz:
e tão fazendo algo pesado lá


eu digo:
mas é uma obra? não entendi..

amigo - Rio diz:
que nada

amigo - Rio diz:
pelos barulhos que to ouvindo pelas paredes, é EXORCISMO!!!

amigo - Rio diz:
vc acredita!?

amigo - Rio diz:
em pleno prédio comercial

eu digo:
hahahahaha

amigo - Rio diz:
pois é!

amigo - Rio diz:
o sujeito tá tossindo sem parar

eu digo:
não consigo parar de rir imaginando

amigo - Rio diz:
chorando

amigo - Rio diz:
horrível!

amigo - Rio diz:
ah!

eu digo:
hahahaha

amigo - Rio diz:
povo vê muita TV

amigo - Rio diz:
ficam vendo esses filmes!

eu digo:
hahahahaha

eu digo:
filma aí e coloca no youtube

amigo - Rio diz:
pensei nisso

amigo - Rio diz:
mas nao aparece, so os barulhos

amigo - Rio diz:
um cara outro dia pediu desculpas umas 10 mil vezes

amigo - Rio diz:
perdão

amigo - Rio diz:
e dava pra escutar daqui

amigo - Rio diz:
perdão! perdão! perdão! perdão! perdão!

eu digo:
que maluquice esse povo!

amigo - Rio diz:
sim

amigo - Rio diz:
imagina se tacar umas baratas la durante uma sessão dessas


amigo - Rio diz:
vão sair correndo pensando que é a besta

amigo - Rio diz:
hahaha

amigo - Rio says:
que nem o borat

eu digo:
hahahahaha

amigo - Rio diz:
eu acho que a mulher tacava um spray no cara... que tem barulho de spray tbm... algum desinfetante

eu digo:
tentaí

amigo - Rio diz:
NOSSA

amigo - Rio diz:
saiu a besta !!!

amigo - Rio diz:
tem que ver o barulho que o cara fez agora

amigo - Rio diz:
ELE TA COM VOZ DE GREMLIN!!!

eu digo:
agora EU SOU A DOIDA

eu digo:
rindo sem parar

amigo - Rio diz:
daqui a pouco eu vou chutar o ar pra esse troço não vir pra cá

amigo - Rio diz:
hahahaha mas é verdade, incrível, mas é verdade

eu digo:
vai tomar um café lá embaixo

eu digo:
sai daí

eu digo:
tô preocupada com vc. vou chamar os ghostbusters

amigo - Rio diz:
será que o mashmallow vai aparecer na janela?

amigo - Rio diz:
olha, não é bom rir da ignorância alheia

amigo - Rio diz:
pior que a consulta da bruxa deve ser cara

amigo - Rio diz:
particular assim em bom escritório, quem vai não é tão ignorante

eu digo:
mas não pode, o condomínio tem que proibir

eu digo:
Isso não é "serviço" pra se oferecer em prédio comercial

amigo - Rio diz:
pois é, proibe, eles desaparecem

amigo - Rio diz:
só tem gente seria aqui, eles chegam e avacalham tudo... tem bons medicos, empresas etc

amigo - Rio diz:
já foram expulsos

amigo - Rio diz:
pelo visto serão novamente

eu digo:
que horror!

eu digo:
pelo menos foi uma boa história pra vc contar

eu digo:
alegrou minha noite

amigo - Rio diz:
sim, tem esse lado

amigo - Rio diz:
lado cômico

amigo - Rio diz:
olha, as pessoas 'entram na onda'

amigo - Rio diz:
acho que ficam imitando tudo que já viram em filme mesmo

amigo - Rio diz:
vc não imagina os barulhos que o cara tá fazendo

amigo - Rio diz:
que mico!

eu digo:
esse povo apela pra não ter que enfrentar a realidade

eu digo:
deve estar ferrado na vida achando que é culpa do "encosto"

amigo - Rio diz:
é

amigo - Rio diz:
encosto é ele aparecer no youtube imitando bicho

amigo - Rio diz:
ai ele vai ver o que é encosto

amigo - Rio diz:
enfim

eu digo:
ele ainda tá aí gritando, chorando e recebendo spray na cara?

amigo - Rio diz:
ele tá arranhando a garganta bem alto

eu digo:
eu acho que é só um ensaio pra alguma montagem tosca

eu digo:
e vc está dramatizando

amigo - Rio diz:
eu!?!? hahahaha

amigo - Rio diz:
vc acha que é coisa de teatro la!? hehehe

amigo - Rio diz:
eu não tô dramatizando não, pode acreditar

amigo - Rio diz:
e lá com certeza não é teatro

amigo - Rio diz:
é um consultório improvisado com secretária e tudo

amigo - Rio diz:
da bruxa

amigo - Rio diz:
ou sei lá o que ela é

amigo - Rio diz:
aliás, vc tava fazendo teatro, né?

eu digo:
estava. terminei ano passado

amigo - Rio diz:
então, vc tinha que fazer isso?

amigo - Rio diz:
num consultório particular?

amigo - Rio diz:
com inseticida?

amigo - Rio diz:
ou spray?

eu digo:
hummm.não me lembro, não

amigo - Rio diz:
que bom! eu já estava ficando preocupado

eu digo:
mas eu tive que gritar, chorar e me fazer de louca

eu digo:
isso eu tive mesmo

amigo - Rio diz:
uau!

amigo - Rio diz:
gravou?

eu digo:
de repente a parte do spray é um recurso de cenografia

eu digo:
gravei não pq eu sou garota exxxperta

amigo - Rio diz:
isso ai!

eu digo:
e morro de medo do youtube

amigo - Rio diz:
não grave coisas nem muito boas nem muito ruins

amigo - Rio diz:
o mundo tá perigoso

amigo - Rio diz:
vou nessa

amigo - Rio diz:
chega, né?

eu digo:
foi o máximo, adorei

amigo - Rio diz:
um beijo pra vc, te cuida!

amigo - Rio diz:
que bom

amigo - Rio diz:
valeu o seu sorriso!

eu digo:
;-)

segunda-feira, 16 de junho de 2008

Brrrrr

Hoje acordei e, ao botar o pé pra fora do edredon, meus dedos congelaram. Eram 6h40 e saí correndo pela casa caçando o maiô, óculos, touca, toalha e todo o kit beleza, engoli uma vitamina de mamão, coloquei o agasalho e voei pra natação gritando, entre gemidos e tremedeiras, “disciplina é liberdade”. Ao chegar na rua, o vento polar que congelou o meu nariz no primeiro segundo me fez dar conta da loucura que estava fazendo. Faziam 9 graus e percebi que percorrer o trajeto de casa de 5 minutos de casa até a academia de havaianas como faço todo dia era uma péssima idéia. Mas forte que sou, resisti, xingando mentalmente todas as torcidas do planeta até entrar na piscina. Aí foi só alegria. A água estava aquecida a 29 graus, e me devolveu a sensação térmica da minha cama quentinha. Nadei 2,5km feliz, muito feliz. Mas a saída da água foi mais um sofrimento que renderiam outras 10 linhas, então vou poupá-los. Sou intolerante ao frio e minhas extremidades também. Dedos, nariz, orelhas, e até meus cabelos finos pedem socorro. Meu barato é o sol, o vento fresco, a água. Por isso, quando chega o inverno, já me preparo para tirar do mais profundo do meu ser várias doses extras de determinação, cremes para ressecamento e tecidos quentinhos. Ah, e como boa hedonista que sou, também tento me divertir aumentando as doses das boas safras de vinho.

MC Carminha

Hoje fui ver Maria Carmem. Ou MC Carminha, um dos inúmeros apelidos dados pela legião de médicos, fisios, fonos, enfermeiros à bochechuda bebê de onze meses de idade ou oito meses pela chamada “idade corrigida” – termo usado pelos médicos para chegar à idade real de crianças nascidas antes dos nove meses da gestação. Maria Carmem tem nome forte, e não remete imediatamente à imagem cândida de uma criança, quanto mais à uma prematura que, quando nasceu, aos 6 meses, cabia na palma da mão do médico que a ajudou a começar a sua luta. Primeiro, contra as deficiências do corpo que não teve tempo de crescer e do organismo, cuja engenharia perfeita não teve condições de se desenvolver. A segunda luta é de resistência. Há onze meses na UTI do Einstein, é o caso mais longo de tratamento de um recém-nascido no hospital. Cercada de uma estrutura impressionante, em um quarto decorado com inúmeras cores e tendo à disposição os melhores equipamentos existentes, o que mais me chamou a atenção foi o carinho, a cumplicidade com que todos a tratam. Apesar das cirurgias, infecções e de ser ligada à aparelhos por dois tubos da traqueo e gastro para regular os sistemas respiratório e digestivo, ela se movimenta, brinca, ri, manda beijos, faz careta, chora, assiste vidrada ao Discovery Kids e ainda faz exercícios diários para desenvolver a motricidade. É uma criança normal, linda e iluminada, não fosse o fato de nunca ter visto o sol, nunca ter ido para casa, não se alimentar e respirar sem ajuda de aparelhos e de ter sobrevivido à mais intervenções cirúrgicas, infecções e medicamentos que muitos não acumulam em uma vida inteira. A garra que nem Maria Carmem sabe que tem me comoveu. E continua me comovendo e me obrigando a minimizar tudo o que eu poderia julgar importante, sério ou problemático. Maria Carmem ainda está aprendendo a magia das palavras, mas me disse muita coisa hoje. Coisas tão lindas e tão profundas que se resumem no que é essencial: o importante é a vida. O resto a gente inventa.

Quero muito tudo isso.

Eu quero muito uma coisa. Quando isso acontece é porque tenho certeza do quanto vai me fazer bem. E também porque já entendi quais os riscos envolvidos, as dificuldades que serão enfrentadas e todas as consequências maravilhosas que isso pode acarretar. É uma vontade tão grande que me faz feliz só em imaginar e às vezes angustiada com a impossibilidade de realizar. Ela me estimula, me leva além, me provoca a criar, a pensar em detalhes, em focar. A certeza do que ser quer e o desafio de fazer acontecer é algo divino, precioso, vital. Não consigo imaginar quando, ao quererem tanto, as pessoas podem roubar, matar ou fazer qualquer mal aos outros ou a si mesmo. Querer muito e tentar conseguir é a vida em estado de renovação. É uma página em construção, obra em manutenção, estar sob nova direção. É algo acontecendo para o novo que está por vir. Quero muito continuar querendo. Se conseguir, vou ser feliz. Se não conseguir, o tempo vai fazer com que o que é eterno permaneça e o que é efêmero, desapareça.

domingo, 25 de maio de 2008

Eu não gosto dos bons modos. Não gosto.


"Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem"

“Senhas”, de Adriana Calcanhoto.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Notícia ruim chega rápido.

Quando meu celular começa a tocar demais, de duas uma: ou alguém morreu ou estão achando que eu morri. Foi assim quando caiu o avião da TAM em julho de 2007 e foi assim hoje à tarde quando um incêndio no bairro de Campo Belo na rota do aeroporto levantou a possibilidade de mais um acidente aéreo. O fogo se alastrou às 16h55 e meia hora depois começaram as mensagens e ligações que só pararam quando a Infraero confirmou que o fumacê na área não era a queda de um avião e sim uma loja de colchões em chamas, com apenas duas vítimas com ferimentos leves. Não acho a preocupação desmedida. Minha família quase nunca sabe onde estou e algumas vezes já alimentei o temor de que acontecesse algo comigo e ninguém me encontrasse para fazer minha despedida desta existência com todo o protocolo que mereço. O que é uma bobagem, porque, em não existindo, como é que eu iria me importar, não é verdade?

domingo, 18 de maio de 2008

Ser feliz ou ganhar dinheiro?

Sempre desconfiei que todo mundo tem a oportunidade de não ter que fazer essa escolha. Na verdade, eu acredito convictamente que a vida distribui inúmeros caminhos que nos façam trabalhar no que nos dá prazer e ainda nos auto sustentar, trazer sucesso profissional e até amealhar fortunas. Mas nada acontece se não sabemos o que queremos. Hoje e agora. Porque também não acredito que vamos querer a mesma coisa todo santo dia. O que bagunça um bocado o meio de campo é quando insistimos no que está longe de ser o nosso desejo. É perda de tempo e traz angústia. Que traz tristeza. Que deprime. Que adoece. Mas e o risco de mudar de idéia? Arriscado é levantar da cama, ora bolas. Então por que não aceitar o risco conscientemente? Tenho pensado muito nisso por ter ouvido em algumas passagens da vida que podemos arriscar tudo até os 30 anos. Bem, eu cheguei à idade e veio a dúvida: este prazo terminou nos 29 anos e 363 dias ou vai acabar um dia antes de chegar aos 31? Tenho uma profissão que amo e que desempenho relativamente bem. Mas será que poderia ter outra e fazer ainda melhor? Tenho certeza que sim, mas ainda estou descobrindo o quê. Eu poderia ser coreógrafa, professora de pilates, cantora de boteco, dona de quiosque na praia, massagista, ou qualquer coisa que acredito poder executar com talento. Mas como o resto do meu mundo orbitaria nesta nova rotina? Não é segredo que a nossa vida profissional não é só uma questão de como queremos ganhar dinheiro, mas como queremos ser percebidos pelos outros e nós mesmos. É um pilar importantíssimo da nossa auto-imagem. Por isso enquanto minha imaginação opera, visualizo como todos os meus outros planos e interesses poderiam caminhar paralelamente às essas 8 a 12 horas dedicadas ao labor. Bem, acordei com isso na cabeça porque ontem fui à uma festa de um DJ que um dia anunciou esta mudança. Era, quer dizer, ainda é, um publicitário talentoso, com uma carreira promissora, que abandonou a vida na criação de grandes agências pra discotecar. Criou um evento nascido em Brasília que cresceu, fez sucesso, e hoje está em SP. Ele faz o que faz muito bem, é uma referência e tenho certeza que para ele o melhor ainda está por vir. Mas deve ter enfrentado a dúvida, a desconfiança e algumas durezas da nova realidade. E também deve ter contado com muita torcida, votos de sucesso e a inveja branca de quem sempre quis e não teve coragem. No dia em que tiver a vontade avassaladora de querer fazer uma nova tentativa, acredito que não vou ter dúvidas. Vou ter medo, frio na barriga e um plano B. Mas vou me jogar.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Perdendo as horas.

É batata: quem ocupa as horas com mais atividades do que o relógio dá conta vai estar sempre atrasado para alguma coisa. Ou para tudo. Essa sou eu. Hoje perdi 1 hora da aula de espanhol porque me atrasei na saída da natação. Ontem cheguei atrasada na reunião em Irajá porque calculei mal o tempo da minha corridinha na praia do Leblon. E vivo perdendo a hora do almoço para compensar o que não deu tempo de fazer acontecer. Aos fins de semana evito ter agenda: vou pra academia quando acordar, almoço quando a fome bater e faço bico se tiver que ir pra algum momento de lazer correndo o risco de perder a hora. E fico intrigada sobre como a modelo da recompensa que tento aplicar na minha rotina é nonsense. Porque estou sempre tentando recompensar o stress com atividades que tragam prazer. E o que eu fiz? Pressionei o tempo como travesseiro em fronha apertada e hoje pratico natação e corrida diariamente, faço aula de dança, canto e massagem uma vez por semana e pego aviões pelo menos de dez em dez dias. No meio disso tudo, ainda trabalho dependurada no telefone, conectada quase que todo o tempo e nunca consigo vencer a média de 150 emails no fim do dia. Quando imagino um momento de paz que posso produzir instantaneamente sou eu sentada na poltrona do avião olhando as nuvens pela janelinha. Ok, estou saudável, espero; dentro do peso, imagino; e ainda cheia de energia, para desespero do relógio. Mas sei que exagero. E sei que não sou a única. Poderia falar que a corrida contra o tempo é nociva e a grande causa das doenças modernas, transtornos, fobias e estresses, que faz tudo passar superficialmente e que desestabiliza a ordem natural dos acontecimentos. Mas minha síndrome de Pollyana prega que a pressa enche a vida de expectativas. Apesar da maquiagem mal feita, da camisa pra fora da calça, de ter esquecido a garrafinha de água, a carteira, a chave na porta e de finalmente chegar pálida e suada, não há nada melhor do que a sensação de que tudo deu certo no final. E de que ainda bem que não deixei de fazer nada pelo medo de me atrasar para a próxima coisa a ser feita. É meio maluco, eu sei, e não espero arregimentar uma legião de simpatizantes. Mas é o que me redime do pecado moderno de querer abraçar o mundo. E que, mesmo com as marcas roxas no corpo, as palpitações, a perda de cabelo e a insônia, a conclusão é que, juro, ainda sou feliz.

Não entendo o trânsito.

Quando mudei pra São Paulo, era maio de 2006 e em junho começava a Copa do Mundo. Estava in love com a cidade até pegar o meu primeiro engarrafamento giga. Era meio de uma tarde de terça-feira, e peguei uma Marginal lotada que, de repente, parou. Faltavam 30 minutos para o glorioso time do Brasil começar a jogar, eu iria encontrar uns amigos perto de casa e o fluxo simplesmente estacionou. Óbvio que cheguei no 2º tempo do jogo e óbvio que o placar estava 10 x 0 para a minha irritação. Aos 2 meses de cidade, decidi abandonar o carro e assim ficar por mais 1 ano até que no final do ano passado resolvi dar um tempo dos taxistas e da boa vontade dos amigos caroneiros, adquirir um novo possante com a condição de ir com ele somente para o meu trabalho que fica a 20 minutos a pé e tem 5 estacionamentos no caminho para o caso de emergências, e aos fins de semana, quando tiver a certeza de que se, me irritar, terei o domingo para descansar. Bom, toda essa memória veio à tona porque hoje peguei meu 2º engarrafamento giga na cidade. De Congonhas até o Itaim Bibi foram 1h55min, em um percurso que toda semana faço em 20. Tudo bem, vacilei, desembarquei às 18h15, mas ainda assim não tem cabimento. É um desafio pro meu entendimento, porque todo mundo sabe que tem mais carros que as ruas conseguem comportar, todo mundo conhece a existência dos horários de pico e todo mundo consegue assimilar que, com mais 1 horinha, tudo vai fluir melhor, então porque raios todo mundo sai na mesma hora? A única explicação é que já ouvi em algum lugar que é hábito por aqui paquerar nos engarrafamentos. Conheço inclusive um casal casado que se conheceu no trânsito. Se for isso, é aceitável. Não aconteceu comigo, mas tornaria aquela cena infernal de luzinhas vermelhas dos freios piscando na minha frente muito mais tolerável.

Um dó lá si e já!

Vamos às regras: nunca se aborreça se eu omitir os detalhes. Minha função aqui é escrever por adorar as palavras e as possibilidades que elas oferecem de fazer entender com inúmeras interpretações. Mas vou deixar que me conheça: sou observadora, uma esponja de informações, fruto de uma curiosidade quase obsessiva, e uma vontade de experimentar tudo – tudo o que é lícito, entenda-se, tudo o que alimenta a alma – e certamente também o corpo, e tudo o que me dá prazer – desde o óbvio, até arte, viagens e 10 minutos de abraço ininterruptos. Adoro abraço. Muito. Daqueles quentinhos. E também ir à Fernando de Noronha. Meu paraíso e parquinho. Sonho com o dia em que possa dar e receber vários abraços de 10 minutos ininterruptos em todas as praias e pontos de mergulho de Fernando de Noronha.
Reinauguro o meu blog porque quero me exibir. Para mim, principalmente; para os que quero manter por perto, já que vejo de tempos em tempos entre os tantos compromissos; e para os curiosos como eu, em respeito à classe.Trabalho desde os 15 anos e desde os 20 viajo muito pela profissão. Não sou aeromoça, embora o entra e sai com malas faça com que os meus porteiros não acreditem nesta afirmação. E adoro. Adoro o burburinho de Congonhas, abro um sorrisão ao pousar no Santos Dumont e viro criança quando chego ao aeroporto Juscelino Kubitcheck. Desde que não hajam atrasos e caos aéreo, em todas as situações anteriores. Acabo de descobrir que já conheço 20 estados brasileiros. Só faltam o Piauí, Amazonas e Maceió, que pretendo conhecer tão logo meu empregador me envie para desenvolver algum projeto lá. Porque por conta própria antes quero ir várias vezes pra Noronha de novo, pra Europa de novo, além Cuba, Bonaire, Austrália, África do Sul, entre tantos outros cantinhos do mundo. E quero ser feliz. Mais do que tudo. E tenho pressa. Porque a vida já está indo e eu preciso correr atrás dela. Tchau.