domingo, 25 de maio de 2008

Eu não gosto dos bons modos. Não gosto.


"Eu gosto dos que têm fome
Dos que morrem de vontade
Dos que secam de desejo
Dos que ardem"

“Senhas”, de Adriana Calcanhoto.


terça-feira, 20 de maio de 2008

Notícia ruim chega rápido.

Quando meu celular começa a tocar demais, de duas uma: ou alguém morreu ou estão achando que eu morri. Foi assim quando caiu o avião da TAM em julho de 2007 e foi assim hoje à tarde quando um incêndio no bairro de Campo Belo na rota do aeroporto levantou a possibilidade de mais um acidente aéreo. O fogo se alastrou às 16h55 e meia hora depois começaram as mensagens e ligações que só pararam quando a Infraero confirmou que o fumacê na área não era a queda de um avião e sim uma loja de colchões em chamas, com apenas duas vítimas com ferimentos leves. Não acho a preocupação desmedida. Minha família quase nunca sabe onde estou e algumas vezes já alimentei o temor de que acontecesse algo comigo e ninguém me encontrasse para fazer minha despedida desta existência com todo o protocolo que mereço. O que é uma bobagem, porque, em não existindo, como é que eu iria me importar, não é verdade?

domingo, 18 de maio de 2008

Ser feliz ou ganhar dinheiro?

Sempre desconfiei que todo mundo tem a oportunidade de não ter que fazer essa escolha. Na verdade, eu acredito convictamente que a vida distribui inúmeros caminhos que nos façam trabalhar no que nos dá prazer e ainda nos auto sustentar, trazer sucesso profissional e até amealhar fortunas. Mas nada acontece se não sabemos o que queremos. Hoje e agora. Porque também não acredito que vamos querer a mesma coisa todo santo dia. O que bagunça um bocado o meio de campo é quando insistimos no que está longe de ser o nosso desejo. É perda de tempo e traz angústia. Que traz tristeza. Que deprime. Que adoece. Mas e o risco de mudar de idéia? Arriscado é levantar da cama, ora bolas. Então por que não aceitar o risco conscientemente? Tenho pensado muito nisso por ter ouvido em algumas passagens da vida que podemos arriscar tudo até os 30 anos. Bem, eu cheguei à idade e veio a dúvida: este prazo terminou nos 29 anos e 363 dias ou vai acabar um dia antes de chegar aos 31? Tenho uma profissão que amo e que desempenho relativamente bem. Mas será que poderia ter outra e fazer ainda melhor? Tenho certeza que sim, mas ainda estou descobrindo o quê. Eu poderia ser coreógrafa, professora de pilates, cantora de boteco, dona de quiosque na praia, massagista, ou qualquer coisa que acredito poder executar com talento. Mas como o resto do meu mundo orbitaria nesta nova rotina? Não é segredo que a nossa vida profissional não é só uma questão de como queremos ganhar dinheiro, mas como queremos ser percebidos pelos outros e nós mesmos. É um pilar importantíssimo da nossa auto-imagem. Por isso enquanto minha imaginação opera, visualizo como todos os meus outros planos e interesses poderiam caminhar paralelamente às essas 8 a 12 horas dedicadas ao labor. Bem, acordei com isso na cabeça porque ontem fui à uma festa de um DJ que um dia anunciou esta mudança. Era, quer dizer, ainda é, um publicitário talentoso, com uma carreira promissora, que abandonou a vida na criação de grandes agências pra discotecar. Criou um evento nascido em Brasília que cresceu, fez sucesso, e hoje está em SP. Ele faz o que faz muito bem, é uma referência e tenho certeza que para ele o melhor ainda está por vir. Mas deve ter enfrentado a dúvida, a desconfiança e algumas durezas da nova realidade. E também deve ter contado com muita torcida, votos de sucesso e a inveja branca de quem sempre quis e não teve coragem. No dia em que tiver a vontade avassaladora de querer fazer uma nova tentativa, acredito que não vou ter dúvidas. Vou ter medo, frio na barriga e um plano B. Mas vou me jogar.

sexta-feira, 16 de maio de 2008

Perdendo as horas.

É batata: quem ocupa as horas com mais atividades do que o relógio dá conta vai estar sempre atrasado para alguma coisa. Ou para tudo. Essa sou eu. Hoje perdi 1 hora da aula de espanhol porque me atrasei na saída da natação. Ontem cheguei atrasada na reunião em Irajá porque calculei mal o tempo da minha corridinha na praia do Leblon. E vivo perdendo a hora do almoço para compensar o que não deu tempo de fazer acontecer. Aos fins de semana evito ter agenda: vou pra academia quando acordar, almoço quando a fome bater e faço bico se tiver que ir pra algum momento de lazer correndo o risco de perder a hora. E fico intrigada sobre como a modelo da recompensa que tento aplicar na minha rotina é nonsense. Porque estou sempre tentando recompensar o stress com atividades que tragam prazer. E o que eu fiz? Pressionei o tempo como travesseiro em fronha apertada e hoje pratico natação e corrida diariamente, faço aula de dança, canto e massagem uma vez por semana e pego aviões pelo menos de dez em dez dias. No meio disso tudo, ainda trabalho dependurada no telefone, conectada quase que todo o tempo e nunca consigo vencer a média de 150 emails no fim do dia. Quando imagino um momento de paz que posso produzir instantaneamente sou eu sentada na poltrona do avião olhando as nuvens pela janelinha. Ok, estou saudável, espero; dentro do peso, imagino; e ainda cheia de energia, para desespero do relógio. Mas sei que exagero. E sei que não sou a única. Poderia falar que a corrida contra o tempo é nociva e a grande causa das doenças modernas, transtornos, fobias e estresses, que faz tudo passar superficialmente e que desestabiliza a ordem natural dos acontecimentos. Mas minha síndrome de Pollyana prega que a pressa enche a vida de expectativas. Apesar da maquiagem mal feita, da camisa pra fora da calça, de ter esquecido a garrafinha de água, a carteira, a chave na porta e de finalmente chegar pálida e suada, não há nada melhor do que a sensação de que tudo deu certo no final. E de que ainda bem que não deixei de fazer nada pelo medo de me atrasar para a próxima coisa a ser feita. É meio maluco, eu sei, e não espero arregimentar uma legião de simpatizantes. Mas é o que me redime do pecado moderno de querer abraçar o mundo. E que, mesmo com as marcas roxas no corpo, as palpitações, a perda de cabelo e a insônia, a conclusão é que, juro, ainda sou feliz.

Não entendo o trânsito.

Quando mudei pra São Paulo, era maio de 2006 e em junho começava a Copa do Mundo. Estava in love com a cidade até pegar o meu primeiro engarrafamento giga. Era meio de uma tarde de terça-feira, e peguei uma Marginal lotada que, de repente, parou. Faltavam 30 minutos para o glorioso time do Brasil começar a jogar, eu iria encontrar uns amigos perto de casa e o fluxo simplesmente estacionou. Óbvio que cheguei no 2º tempo do jogo e óbvio que o placar estava 10 x 0 para a minha irritação. Aos 2 meses de cidade, decidi abandonar o carro e assim ficar por mais 1 ano até que no final do ano passado resolvi dar um tempo dos taxistas e da boa vontade dos amigos caroneiros, adquirir um novo possante com a condição de ir com ele somente para o meu trabalho que fica a 20 minutos a pé e tem 5 estacionamentos no caminho para o caso de emergências, e aos fins de semana, quando tiver a certeza de que se, me irritar, terei o domingo para descansar. Bom, toda essa memória veio à tona porque hoje peguei meu 2º engarrafamento giga na cidade. De Congonhas até o Itaim Bibi foram 1h55min, em um percurso que toda semana faço em 20. Tudo bem, vacilei, desembarquei às 18h15, mas ainda assim não tem cabimento. É um desafio pro meu entendimento, porque todo mundo sabe que tem mais carros que as ruas conseguem comportar, todo mundo conhece a existência dos horários de pico e todo mundo consegue assimilar que, com mais 1 horinha, tudo vai fluir melhor, então porque raios todo mundo sai na mesma hora? A única explicação é que já ouvi em algum lugar que é hábito por aqui paquerar nos engarrafamentos. Conheço inclusive um casal casado que se conheceu no trânsito. Se for isso, é aceitável. Não aconteceu comigo, mas tornaria aquela cena infernal de luzinhas vermelhas dos freios piscando na minha frente muito mais tolerável.

Um dó lá si e já!

Vamos às regras: nunca se aborreça se eu omitir os detalhes. Minha função aqui é escrever por adorar as palavras e as possibilidades que elas oferecem de fazer entender com inúmeras interpretações. Mas vou deixar que me conheça: sou observadora, uma esponja de informações, fruto de uma curiosidade quase obsessiva, e uma vontade de experimentar tudo – tudo o que é lícito, entenda-se, tudo o que alimenta a alma – e certamente também o corpo, e tudo o que me dá prazer – desde o óbvio, até arte, viagens e 10 minutos de abraço ininterruptos. Adoro abraço. Muito. Daqueles quentinhos. E também ir à Fernando de Noronha. Meu paraíso e parquinho. Sonho com o dia em que possa dar e receber vários abraços de 10 minutos ininterruptos em todas as praias e pontos de mergulho de Fernando de Noronha.
Reinauguro o meu blog porque quero me exibir. Para mim, principalmente; para os que quero manter por perto, já que vejo de tempos em tempos entre os tantos compromissos; e para os curiosos como eu, em respeito à classe.Trabalho desde os 15 anos e desde os 20 viajo muito pela profissão. Não sou aeromoça, embora o entra e sai com malas faça com que os meus porteiros não acreditem nesta afirmação. E adoro. Adoro o burburinho de Congonhas, abro um sorrisão ao pousar no Santos Dumont e viro criança quando chego ao aeroporto Juscelino Kubitcheck. Desde que não hajam atrasos e caos aéreo, em todas as situações anteriores. Acabo de descobrir que já conheço 20 estados brasileiros. Só faltam o Piauí, Amazonas e Maceió, que pretendo conhecer tão logo meu empregador me envie para desenvolver algum projeto lá. Porque por conta própria antes quero ir várias vezes pra Noronha de novo, pra Europa de novo, além Cuba, Bonaire, Austrália, África do Sul, entre tantos outros cantinhos do mundo. E quero ser feliz. Mais do que tudo. E tenho pressa. Porque a vida já está indo e eu preciso correr atrás dela. Tchau.