sexta-feira, 16 de maio de 2008

Perdendo as horas.

É batata: quem ocupa as horas com mais atividades do que o relógio dá conta vai estar sempre atrasado para alguma coisa. Ou para tudo. Essa sou eu. Hoje perdi 1 hora da aula de espanhol porque me atrasei na saída da natação. Ontem cheguei atrasada na reunião em Irajá porque calculei mal o tempo da minha corridinha na praia do Leblon. E vivo perdendo a hora do almoço para compensar o que não deu tempo de fazer acontecer. Aos fins de semana evito ter agenda: vou pra academia quando acordar, almoço quando a fome bater e faço bico se tiver que ir pra algum momento de lazer correndo o risco de perder a hora. E fico intrigada sobre como a modelo da recompensa que tento aplicar na minha rotina é nonsense. Porque estou sempre tentando recompensar o stress com atividades que tragam prazer. E o que eu fiz? Pressionei o tempo como travesseiro em fronha apertada e hoje pratico natação e corrida diariamente, faço aula de dança, canto e massagem uma vez por semana e pego aviões pelo menos de dez em dez dias. No meio disso tudo, ainda trabalho dependurada no telefone, conectada quase que todo o tempo e nunca consigo vencer a média de 150 emails no fim do dia. Quando imagino um momento de paz que posso produzir instantaneamente sou eu sentada na poltrona do avião olhando as nuvens pela janelinha. Ok, estou saudável, espero; dentro do peso, imagino; e ainda cheia de energia, para desespero do relógio. Mas sei que exagero. E sei que não sou a única. Poderia falar que a corrida contra o tempo é nociva e a grande causa das doenças modernas, transtornos, fobias e estresses, que faz tudo passar superficialmente e que desestabiliza a ordem natural dos acontecimentos. Mas minha síndrome de Pollyana prega que a pressa enche a vida de expectativas. Apesar da maquiagem mal feita, da camisa pra fora da calça, de ter esquecido a garrafinha de água, a carteira, a chave na porta e de finalmente chegar pálida e suada, não há nada melhor do que a sensação de que tudo deu certo no final. E de que ainda bem que não deixei de fazer nada pelo medo de me atrasar para a próxima coisa a ser feita. É meio maluco, eu sei, e não espero arregimentar uma legião de simpatizantes. Mas é o que me redime do pecado moderno de querer abraçar o mundo. E que, mesmo com as marcas roxas no corpo, as palpitações, a perda de cabelo e a insônia, a conclusão é que, juro, ainda sou feliz.

4 comentários:

Anônimo disse...

Vc é mesmo doidinha, Kao. Mas é um encanto. Q bom que voltou!

Anônimo disse...

quem é lôca frequenta alôca. kiss.

Anônimo disse...

Oi Karina. Sou a amiga da Serena, td bem? Gostei muito de conhecer você e estou adorando ler seus posts. Vc podia escrever sobre a poesia do amor como falou naquela noite. Se falado já foi bonito, imagino se estivesse em palavras. Estarei sempre por aqui. Até a próxima. Beijos.

Anônimo disse...

Já te disse que adoro vc amiga?!
Por esse post e por outras, mesmo sem nos encontrar, sei que nascemos para ser amigas.
E que venha o dia de 40horas para a gente conseguir finalmente se encontrar!!!

Bjs e muita saudade